A Loira suicida

A cena começa com uma loira gostosa, à beira do cais em Santos, planejando um final dramático para sua existência, até que surge um marinheiro, herói improvável com uma abordagem digna de novela mexicana:

— Moça, não faz isso! — gritou ele, com um misto de desespero e esperança.
— Minha vida é uma droga! Vou me jogar! — respondeu ela, firme, porém reluzente, como só uma loira em apuros consegue ser.
— Não, por favor! Olha, meu navio está de partida para a Europa. Por que você não vem comigo? Pensa melhor na viagem. Se, ao chegar lá, você ainda quiser se jogar, pelo menos terá conhecido a Europa.

A loira, mostrando um inesperado lado prático, considerou a ideia genial. Afinal, se é para acabar com tudo, que seja com estilo europeu. Sem pensar duas vezes, aceitou a proposta e foi levada a bordo… ou quase isso. Acomodada em um bote salva-vidas, clandestina, começava ali uma jornada “inesquecível”.

Durante duas semanas, o marinheiro mostrou ser um verdadeiro anfitrião, aparecendo toda noite com suprimentos e… outros “mimos”. No menu da rotina noturna: comida, água e uma intensa transa, cortesia da loira pelo marinheiro a manter entretida e bem alimentada.

A loira, satisfeita com o “serviço completo”, nem questionava o tempo ou a logística. Europa que se prepare, porque ela está chegando cheia de histórias para contar.

Tudo ia bem até que o capitão do navio decidiu fazer uma inspeção de rotina nos botes. E foi aí que ele encontrou a loira. Sem ter para onde fugir, ela decidiu contar tudo:

— Capitão, estou aqui porque um marinheiro me trouxe. Ele me dá comida e água todas as noites. Em troca, eu agradeço dando pra ele. E combinamos ser assim até chegarmos a Europa. Aliás, falta muito?

O capitão olhou para ela com uma expressão que misturava pena e um pouco de vergonha alheia:

— Europa? Moça, sinto te informar, mas esta balsa só faz a travessia Santos-Guarujá.