Filhos, noras e sogras

senhoras

Duas damas da alta sociedade, como se diz, cruzam seus caminhos após um longo tempo sem atualizações sobre a vida alheia — afinal, o que seria da amizade se não fosse o deleite de comparações disfarçadas de interesse?

Logo, uma solta a pergunta inevitável:
Como vão seus filhos, a Rosa e o Francisco?

A outra, com um suspiro de leve ostentação, responde:
– Ah, querida… A Rosa está numa fase esplêndida! Casou-se com um homem dos sonhos. Veja só: ele levanta de madrugada para trocar as fraldas do meu netinho, faz o café da manhã, organiza a casa, lava a louça, tira o lixo e ainda sobra tempo para dar uma geral na faxina antes de ir trabalhar. E tudo isso com o maior cuidado para não acordar a minha filha. Um verdadeiro anjo de genro! Deus o proteja e multiplique sua paciência!

A amiga, empolgada com a narrativa digna de comercial de margarina, continua:
– Que maravilha, amiga! E o Francisco, como está? Casou também?

É aí que o tom muda de elogios celestiais para uma queixa que faria um muro de lamentações parecer uma festa:
– Ah, o Francisco? Tadinho, deu um azar danado… Casou-se muito mal! Você acredita que ele tem que levantar no meio da madrugada para trocar as fraldas do meu netinho, fazer o café da manhã, arrumar a casa, lavar a louça, tirar o lixo e ainda tem que ajudar na faxina?! E depois de tudo isso, lá vai ele trabalhar para sustentar aquela preguiçosa! Uma vagabunda, uma sem-vergonha, uma nora que é uma praga na nossa família.


Moral da história? A visão depende do ponto de vista — e, claro, do lado em que você está na cadeia alimentar da parentalidade. Para as sogras, a conta nunca fecha!

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